sábado, 23 de março de 2013

Fala sério, Mãe!

Mãe e filha. Que relação complicada, essa! Amor, carinho, compreensão e, claro, muitas, muitas brigas. Brigas importantes, brigas bobas, brigas engraçadas, brigas memoráveis. Só variam conforme a idade. Boletim, namorados, arrumação do quarto, legumes, viagens, festas, hora de chegar das festas... tudo é motivo para essas pelejas domésticas.
Para Angela Cristina, elas são apenas carinho e preocupação. Para Maria de Lourdes, são chateação materna mesmo. 
 Fala sério, mãe! é uma coletânea de crônicas bem-humoradas do cotidiano dessas duas personagens, que pode ser lida aleatoriamente ou como um romance em pílulas, em ordem cronológica, da barriga aos 21 anos.
Que ser mãe é padecer no paraíso a sabedoria popular já tratou de espalhar para todo o mundo. Mas... e quanto aos filhos? Será que não vivem lá o seu quinhão de martírio nessa relação?
Pois em Fala sério, mãe!, a autora Thalita Rebouças, com seu bom humor costumeiro, apresenta os dois lados da moeda. Ao longo do livro são descritas as queixas e alegrias da mãe coruja, e um tantinho estressada, Ângela Cristina, em relação à filha primogênita Maria de Lourdes, a Malu, assim como as teimosias e o sentimento de opressão desta em função dos cuidados, muitas vezes excessivos, de sua genitora.
Para retratar os dois pontos de vista, a autora lança mão do seguinte expediente: a primeira parte do livro, da gestação de Maria de Lourdes até seus treze anos, é narrada pela mãe, que, então, passa a palavra à filha de uma forma bastante inteligente e sensível:
"É a menina cedendo lugar não à mulher, mas a uma linda mocinha. A minha mocinha (...) que se orgulha de ter idéias e ideais, que me ensina muito, diariamente, e que se expressa com clareza e coerência através de gestos, atitudes e, principalmente, palavras.

É, palavras. A partir de agora, tenho certeza, ela já pode falar por si própria".
Nesse momento entra em cena a segunda narradora, a própria Maria de Lourdes, contando, de acordo com sua ótica, a relação de amor e ódio com a figura materna. Sua narração se estende até o fim da história, quando ela está com 21 anos.
No livro são descritas as habituais – e saudáveis –, discordâncias existentes entre mães e filhas. As discussões entre Maria de Lourdes e Ângela Cristina, às vezes sérias, outras vezes engraçadas; às vezes importantes, outras vezes irrelevantes, são, no entanto, sempre regadas a amor, possibilitando-lhes crescimento e amizade.
E, para fechar ( ou abrir?) com chave de ouro a obra, o texto da orelha traz as duas protagonistas apresentando o livro num diálogo divertidíssimo. Ali elas dão uma palhinha do que vai ser a história: o relato da convivência, por vezes selvagem, entre criadora e criatura.

 

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