Coração acelerado, pernas bambas, arrepio na nuca e um friozinho na
barriga. Medo? Sim. E também excitação, sonhos, dúvidas, inseguranças e
todas as "noias" que as meninas sentem diante da tão esperada e, por que
não, idealizada, primeira experiência sexual. São essas angústias e
alegrias, contadas de forma leve e bem-humorada, que Thalita Rebouças
apresenta em Era uma vez minha primeira vez.
Na linguagem típica das adolescentes, a experiente autora no universo
teen conta como seis amigas inseparáveis - Teresa, Clara, Tuca,
Fernanda, Patty e Joana -, todas entre 15 e 19 anos, enfrentam o antes, o
durante e o depois de um dos momentos mais importantes na vida das
mulheres. Mas não espere um manual com dicas sobre sexo, virgindade,
gravidez e temas afins. O livro reflete as emoções, os sentimentos,
medos e anseios das personagens em diversas situações com as quais as
leitoras de Thalita certamente irão se identificar.
Teresa, a pegadora do grupo, por exemplo, sempre jurou que nunca iria se
apaixonar. Afinal, além de não acreditar no amor, ela pensava que abrir
o coração era sinônimo de sofrer. Isso até reencontrar Gaspar. Amigo de
infância chatinho que voltou de uma temporada nos Estados Unidos o
maior gato, ele prova que a adolescente estava quase certa: não
só conquista a menina como a faz chorar e se descabelar - e depois
chorar e se descabelar ainda mais -, porque ele tem uma namorada gringa.
Caída de amores, ela tenta de tudo para engatar o romance, driblar a
dor de cotovelo e, quem sabe, aproveitar um pouco mais os deliciosos
beijos de Gaspar.
Já a gordinha Clara se sente a menina mais amada do mundo porque Cabelo,
seu namorado músico, não está nem aí para seus quilinhos a mais. Mas
ainda assim, a insegurança bate firme quando ela pensa nos comentários
maldosos por causa de seu corpo fora dos padrões e, afobada, põe em
risco todo o encanto que esperava da primeira vez. A magrela Tuca também
não consegue ficar confortável com a silhueta reta de modelo
profissional e entra em pânico só de pensar em engravidar de primeira. E
Nanda, que só vai à praia de maiô antiguinho com vergonha de uma mancha
de nascença enorme no bumbum, se apavora ao imaginar o quanto o sexo
com Vina, por quem está apaixonada, pode doer.
Enquanto algumas têm um papo franco com os pais sobre o assunto, como
Teresa e Tuca, há quem, como Patty, jamais converse sobre o tema em
casa. Patty, aliás, não usa a palavra vagina e sim “Jucileia”, tamanho o
tabu em torno do assunto! Ela até passou um tempinho pensando ser
assexuada, resolveu que casar virgem daria menos trabalho que não ser
virgem e, lá no fundo, tem nojo de sexo. Até que um dia, quando ela
menos espera...
E esperar, ah, esperar é o que Joana, a caçulinha do grupo, faz.
Gatinha, surfista, boa amiga, excelente estudante, o que falta na vida
dela é um namorado, um cobertor de orelha para chamar de seu. Isso, é
claro, se seu pai, ciumento até dizer chega, não trucidar o coitado do
garoto antes. E não é que surge um companheiro bacana, daqueles que não
sai espalhando para todo o mundo o que faz ou o que deixa de fazer, bem
do jeitinho que Joana queria?
Nenhum comentário:
Postar um comentário